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febrero 02, 2017

«Argumentação linguística, enunciação e polifonia»



Neiva Maria Tebaldi Gomes
«Argumentação linguística, enunciação e polifonia»

Letras de Hoje, vol. 51, n.º 1, 2016

Letras de Hoje | Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul | BRASIL


Extracto del apartado 2 de la publicación en PDF. Vejam-se as referências na publicação original do texto.




«A teoria polifônica como instrumento de análise semântica

»Perguntado sobre quais seriam os aspectos da linguagem para os quais os jovens linguistas deveriam voltar suas pesquisas atualmente, em entrevista concedida a Antônio Carlos Xavier (2012), Oswald Ducrot responde que jovens linguistas devem estudar tudo o que se refere ao discurso. Mas há na resposta de Ducrot uma passagem que revela explicitamente sua preocupação como o estudo da língua:

»Tudo o que concerne à enunciação deve ser atualmente objeto de atenção dos jovens linguistas. Todavia, é preciso igualmente continuar a estudar a matéria mesmo da língua, estudar a palavra, a gramática, estudar o modo como as palavras se organizam nas frases, não procurar fazer estudos aéreos, fora da realidade, eles devem entrar na realidade da língua e ver os problemas de sintaxe... (Entrevista, 2012). (grifo acrescido)


»Estudar a enunciação, todavia continuar a estudar a matéria mesmo da língua, estudar a palavra, a gramática. Essa parece ser a primeira grande lição para os que escolhem seguir os passos da sua teoria.

»Embora incipiente ainda, o presente estudo tem o objetivo de buscar na Teoria Argumentativa da Polifonia, decorrente da Teoria da Argumentação na Língua, elementos que possam contribuir para a explicitação dos modos de aparição dos conteúdos e dos sentidos produzidos, por esses modos, em textos acadêmicos, também ditos científicos (artigos, dissertações, teses), nos quais o locutor, responsável pelo conteúdo acionado, mobiliza uma diversidade de enunciadores.

»Como ponto de partida para a descrição de enunciados dessa natureza, assume-se da teoria o pressuposto da coexistência de um locutor único responsável pelas atitudes frente aos conteúdos e aos enunciadores evocados na produção de um enunciado, indiretamente assumindo, concordando ou excluindo a voz que carrega o conteúdo e o garante. Como em enunciados científicos é comum a mobilização de uma multiplicidade de instâncias enunciativas, porque há normalmente uma multiplicidade de conteúdos evocados, a responsabilidade do locutor é complexa. Daí decorre a necessidade da descrição e decomposição dessas instâncias, de seus conteúdos e de seus modos de organização. Para isso, a TAP parece apresentar-se como instrumento de análise semântica capaz de dar conta da complexidade envolvida em enunciados desse tipo.

»Para descrever as diversas formas de introduzir os conteúdos, as “maneiras de dizer”, a TAP propõe dois parâmetros: a atitude discursiva e a Pessoa. Por meio da atitude discursiva, o locutor indica o papel que ele dá em seu discurso ao conteúdo introduzido, ou seja, o locutor pode defender, ilustrar ou comentar o conteúdo. Um conteúdo pode não ser discutido, simplesmente acordado ou ser excluído. A noção de Pessoa deriva, com se viu, daquela de enunciador de Ducrot. Os enunciadores ou Pessoas não são indivíduos particulares, mas funções discursivas. E, segundo Carel, parecem ter duas funções: a de indicar o ângulo de vista e a de indicar o que garante a validade do conteúdo. Avaliar um texto por essas duas categorias – a atitude discursiva e a Pessoa – parece ser uma possibilidade de melhor compreender os sentidos dos enunciados que constituem os discursos acadêmicos.

»A distinção entre um sujeito falante, na origem da existência material do enunciado, e o locutor enquanto tal (o Locutor L), ser discursivo que indica um modo de apresentação dos conteúdos e assume a responsabilidade da função textual e o emprego desses conteúdos, conduz a uma análise mais centrada na língua e, como tal, mais fiel à teoria que orienta no sentido de “estudar a matéria mesmo da língua, estudar a palavra, a gramática, estudar o modo como as palavras se organizam nas frases, não procurar fazer estudos aéreos, fora da realidade”, no dizer acima referido de Ducrot.

»Para os fins a que se propôs este estudo, buscar instrumentos para a análise semântica do discurso acadêmico, o percurso realizado revela o potencial da TAP para esse fim, mais especificamente, em duas indicações de análise: uma relativa à “função textual” do conteúdo, outra ao “modo de aparição” desse conteúdo no enunciado.

»Enfim, o estudo da ANL, que tem continuidade na TAP e na TBS (essa última não explorada neste artigo), conduz à compreensão de que “falar consiste, não em nomear, mas em relacionar as palavras em frases, em parágrafos, em textos, de modo que a descrição de uma palavra permita a descrição dos enunciados em que está empregada” (CAREL, 2009, p. 26). Entender e explicar como essas relações engendram sentidos é tarefa do linguista, mas também daqueles que, mais modestamente, querem apenas conhecer melhor a natureza de seu objeto de aprendizagem ou de ensino, a língua.»





enero 19, 2017

«La desarticulación retórica del discurso filosófico»



Juan Ignacio Blanco Ilari
«La desarticulación retórica del discurso filosófico»

Eidos. Revista de Filosofía, n.º 26, 2017

Eidos. Revista de Filosofía | Universidad del Norte | Departamento de Humanidades y Filosofía | Barranquilla | COLOMBIA


Extracto de los apartados Introducción y Conclusión, en páginas 16-17 y 38-41 de la publicación en PDF. Véanse las referencias en dicha publicación original.




«Introducción

»La relación entre la retórica y la filosofía no ha sido fácil. Aunque pudo disfrutar de algunos momentos de relativa pacificación (pocos), el conflicto fue lo habitual. Desde luego, cuando hablamos de retórica y de filosofía estamos aludiendo a dos disciplinas cuya longevidad y riqueza hacen imposible atraparlas en un concepto. A esta altura de los tiempos, es sabido que no hay “la” filosofía, ni “la” retórica.

»La sinécdoque se justifica por cuestiones metodológicas. Creo que podemos circunscribir uno de los ideales filosóficos que más incidencia tuvo en nuestra civilización; o al menos, que mejor se posicionó en el contexto de nuestra cultura durante varios siglos. Este ideal es como una hidra de varias cabezas: platonismo, objetivismo, fundacionalismo, esencialismo, dogmatismo, realismo, entre otras [NOTA 1]. Esta línea filosófica ha adquirido la dimensión de verdadero “paradigma” [NOTA 2]. No solo ha reunido tras de sí un gran número de prácticas, sino que ha logrado imponer un ideal de conocimiento (y de pensamiento) que ha gozado de excelente salud desde su aparición hasta hace unos años. Si bien este paradigma se ha visto seria y eficazmente cuestionado, entre otros, como veremos, por la retórica, lo cierto es que el impacto, la capacidad de penetrar en los capilares más profundos de nuestra cultura, todavía se siente con fuerza.

»En el primer apartado de este trabajo analizo lo que considero son los lineamientos directrices de esta filosofía. Soy consciente de que cualquier intento de compendiar en unas pocas líneas una tradición tan compleja corre serio riesgo de distorsionarla por simplificación. Se tratará de un sobrevuelo sobre algunos de los momentos históricos más importantes para la contienda. Haré énfasis en dos de los puntos más criticados por la retórica: el desprecio de la doxa y la consecuente unificación y universalización del saber tras el modelo objetivista.

»Luego, en los otros dos apartados, analizo las críticas que la retórica hace a estos razonamientos filosóficos. Me centro en dos ejes críticos, relacionados pero diferenciables. La rehabilitación de la doxa será el tema central del apartado (c). La retórica, más antigua que la filosofía, advierte rápidamente el peligro que supone subestimar la doxa, no solo para la supervivencia de la polis, y de la comunidad en general, sino también para la experiencia común, inmediata, del ciudadano medio. Hay, en el tipo de pensamiento distanciado, descomprometido, una tendencia irrefrenable a destruir aquellas cosas que en el vivir cotidiano consideramos básicas, elementales, y que, como tales, conforman la identidad de una comunidad.

»En el apartado (d) me detengo en la necesidad de reconocer una pluralidad de ámbitos de experiencia (que se expresan en diferentes campos discursivos) que opone la retórica al monismo filosófico. Esta última crítica se advierte mejor en el giro retórico contemporáneo, aunque el ojo entrenado lo avizora ya en la retórica clásica (v.g. la de Aristóteles). La idea de “sentido común”, unida conceptualmente a la noción de “auditorio”, nos abrirá el camino para reconocer que los entramados discursivos responden a múltiples modos de experiencia (del mundo, de los otros, de sí mismo), que tienen sus propios criterios de sentido y de verdad.


»[...]


»Conclusión

»La rehabilitación de la retórica en el siglo XX se vio favorecida por el decaimiento del paradigma objetivista (platónico/cartesiano) que ella misma contribuyó a diluir. Si bien ese paradigma todavía goza de fuerza vinculante, ya no tiene la hegemonía que supo tener. Inclusive durante sus años de esplendor, la matriz del pensamiento filosófico recibió nutritivas críticas del pensamiento retórico.

»La rica y antigua tradición retórica ha fungido como elemento coligante de una multiplicidad de líneas de pensamiento que en el siglo XX han sido protagonistas de la escena intelectual. Todas ellas, atravesadas por varios aires de familia, se unen en el rechazo al fundacionalismo objetivante, y en la centralidad que dan al lenguaje. Basta leer el apretado quinto capítulo de los Principia Rhetorica para ver hasta qué punto la retórica es la nueva tierra prometida (a la que estaríamos retornando renovados). Allí se embanderan detrás de la retórica autores como Wittgenstein, Gadamer, Foucault, Habermas, Eco, Perelman, Russell, Toulmin, Jauss, Iser, Richards, entre otros. Aunque el entusiasmo de Meyer parece algo desmesurado, es difícil no reconocer que la retórica opera como denominador común para una buena parte del siglo XX.

»El eje de la crítica retórica consiste en señalar que el tipo de argumento/discurso que en cada caso se sostenga depende de una praxis anterior que lo abre y lo funda. Pero entonces es improcedente tratar de hallar/estipular un criterio de verdad y corrección que sea independiente del contexto de aplicación. Se trata de una resignificación del viejo argumento aristotélico, según el cual en el ámbito de lo contingente no podemos exigir (racionalmente) deducciones, así como tampoco debemos esperar argumentos persuasivos en el seno de las demostraciones matemáticas. El giro retórico contemporáneo ha extendido las esferas de validez más allá del dualismo contingente - necesario.

»La atención puesta a la noción de auditorio le permite a la retórica desenmascarar el truco que utiliza la filosofía. Al pretender estar hablándole al hombre en general, al sujeto trascendental, a la razón humana, la filosofía no le habla a nadie. Peor aun, el discurso universalista le exige al sujeto encarnado que abandone sus pertenencias, capte la verdad eterna y luego la aplique a su realidad situada. Pero esto olvida que si pensamos “esto” es porque estamos “aquí”, si decidimos hacer “tal” o “cual” cosa es porque “la circunstancia” lo exigía. Sáqueme de mi situación, modifique mi circunstancia, y seguramente pensaré otra cosa y decidiré otra cosa. La tentación universalista es muy grande, a tal punto que la elasticidad de la noción de auditorio parece acercársele. El mismo Perelman habla, por ejemplo, de un auditorio universal compuesto por la “humanidad en general”, por “todo hombre razonable”. Sin embargo, creo que esta idea es parasitaria de una mirada objetivista/externalista incompatible con la caracterización del concepto de auditorio. Al respecto, Beuchot (1998) sostiene que hablar de un “auditorio universal” es problemático, dado que se trataría de

»“…un conjunto de oyentes ideales, y un oyente ideal no existe. Puede admitirse solo como parámetro (efectivamente inexistente) que hay que estar regulando y adaptando a cada instante. No es algo que ofrezca seguridad y estabilidad, sino que … tendrá que dejarse al control de esa instancia tan intuitiva y tan poco racionalizable como es la prudencia. El auditorio ideal se tendrá que manejar a base de prudencia y “buen tino”, lo cual hace ya que no sea tan ideal. Esa idea kantiana de oyentes racionales, filósofos casi como dioses, que tanto gusta a Perelman, va cambiando según las escuelas y las actitudes filosóficas de los destinatarios. Pierde la fijeza que pareciera prometer en un principio, y se vuelve asunto de acomodos muy movedizo”. (pp. 106/7).


»Eso no quiere decir que no haya movilidad y cambio en el campo de la praxis. Pero cuando lo que varía es lo que consideramos el núcleo de nuestra comunidad, entonces ya no tenemos más esa comunidad. En ese caso no hay “cambio” sino verdadera “metamorfosis”.

»No quisiera terminar este trabajo sin mencionar que el reconocimiento de la pluralidad de instancias discursivas, de contextos de emisión, de comunidades de comunicación, así como el reconocimiento de la interrelación que media entre “posibilidad de apreciar un argumento - formar parte del auditorio al que se dirige el argumento”, plantea una agenda de problemas que necesitan, con prontitud, ser repensados.

»El más dañoso es el problema de la comunicación entre diversos horizontes de significado. No hay que olvidar que la retórica nace, crece y vive de la necesidad de “comunicar”, de poder establecer contactos allí donde el dato es la distancia, la desavenencia, el litigio. No se trata solo de que los campos semánticos coexistan pacíficamente (algo que debería garantizar el principio de tolerancia), este es un objetivo fundamental, básico. Creo que el desafío estriba en poder trasvasar algunas experiencias propias de un campo a otro. Pienso en un científico y un religioso entablando un debate. ¿Está condenado de antemano a un callejón sin salida?, ¿es posible encontrar un “tercer lenguaje” en el que se encuentren?, ¿o debemos ceder a la tentación unitiva y quedarnos con el dato de una pluralidad irreconciliable (¿inconmensurable?)?

»Con otras palabras, una vez que aceptamos que las razones solo son razones dentro de un universo discursivo, una vez que advertimos la relación de interdependencia entre las creencias básicas, el compromiso ontológico, el marco teórico y el tipo de experiencia, y aceptamos, por lo tanto, que los criterios de sentido y validez son inmanentes al tipo de auditorio: ¿en qué se transforma la comunicación entre diversos campos argumentales, entre diferentes auditorios? En última instancia, la pregunta apunta a los límites de la comprensión. El problema adquiere dimensiones verdaderamente dramáticas cuando lo que se pone en juego son cuestiones mínimas de convivencia, y el desacuerdo se sustenta, en última instancia, en diferentes modos de “percibir”. Si tomamos en serio esta pluralidad perceptiva veremos que el diálogo tiene un límite insuperable, porque las cuestiones de percepción no son argumentables, no pertenecen al campo de lo discutible. Cuando alguien ve un objeto sagrado donde otro ve un simple objeto, la posibilidad del “acuerdo” queda suspendida. No hay persuasión posible.

»Hay un punto en el que debemos capitular ante la imposibilidad de acuerdos consensos y contactos. Es decir, llega un momento en que el diálogo se corta, y las disputas se dirimen por otros medios. Quizá solo podamos dilatar un poco más ese momento con la esperanza de hallar el lenguaje del acuerdo.



»[NOTAS]

»[NOTA 1] En adelante cuando hable de “filosofía” estaré aludiendo a esta tradición.

»[NOTA 2] En los últimos años la palabra “paradigma” ha recibido una saturación pragmática. Sin duda, la obra de Kuhn (La estructura de las revoluciones científicas) ha tenido mucha responsabilidad en el reposicionamiento de un término que, por lo demás, ha servido de insumo categorial para la filosofía desde el siglo XIX. Para evitar dañosas ambigüedades, me veo en la obligación de aclarar el uso del término al que adscribo: “por paradigma entiendo un conjunto de procedimientos argumentales, metas, marcos teóricos, problemas y términos guía que definen los lindes de una comunidad epistémica. Dichos lindes operan, a un tiempo, de manera descriptiva y normativa”.»





enero 12, 2017

«Cervantes es el prototipo de la generosidad, de la apertura de ánimo, de la cordialidad ante todo»



Julián Marías
«Un español del reinado de Felipe II: Cervantes*»

Cuenta y Razón, segunda etapa, n.º 38, primavera de 2016
* Resumen de la conferencia de clausura del Curso dirigido por Julián Marías El Mundo de Felipe II (noviembre 1997 - marzo 1998). Publicado por primera vez en el n.º 107 de la revista, primera etapa, julio-agosto de 1998


Cuenta y Razón | Fundación de Estudios Sociológicos (FUNDES) | Madrid | ESPAÑA


Extracto de páginas 118-119 de la publicación en PDF




«Destacó Marías cómo se supone que el poderío español terminó con la invencible, lo cual no es cierto: fue en 1805 en Trafalgar, y en cambio se subraya que el poderío naval turco no acabó en Lepanto. La importancia del evento viene dada por el hecho de que supuso un quebranto decisivo y se superó una crisis pavorosa con independencia de que Argel continuó siendo un nido de piratas y una amenaza hasta 1830 cuando Francia ocupó esta ciudad.

»Cervantes tiene esta especialísima experiencia naval, la militar no termina ahí. Cuando al final decide regresar a España es hecho cautivo, conducido a Argel donde pasa cinco años tremendos, de los que habla muchas veces en su obra, especialmente en el teatro. Tiene directamente “la experiencia del otro”, de los musulmanes, los judíos a quienes conoce en Argelia y de quienes trata de evadirse una vez y otra: son evasiones frustradas, de las cuales se hace directamente responsable, a pesar de lo cual no lo empalan como solían hacer en Argel con los fugitivos. Debía tener tal dignidad, tal valor, tal simpatía que desarmaba a los feroces amos que lo tenían en Argel y sobrevive y puede volver a España después de cinco años de cautiverio.

»Llega a la España triunfal de Felipe II; precisamente hacia 1580 se ha producido la culminación de la gloria y el poder con la incorporación de Portugal.

»Cervantes, que está en Portugal, en Lisboa, cuando ya era parte de la misma corona, sigue haciendo “la experiencia del otro”.

»Tiene un conocimiento general de España, de toda España, sin distinciones; recorre España y habla de sus diferentes partes, con conciencia de las diferencias entre ellas existentes, que acusa, pero que no afectan a la condición española.

»Por otra parte tiene viva simpatía por otros países: enorme simpatía por Italia, por la que tuvo fascinación, que conoce, donde ha vivido y ha sido feliz; la evoca una vez y otra: Roma, Nápoles y tantos otros lugares que aparecen en su obra.

»Pero tiene viva simpatía por Portugal, por Francia y habla con simpatía hasta de Inglaterra a pesar de que hay una lucha política permanente. Es un hombre lleno de filias y sin fobias. Es decir, es el prototipo de la generosidad, de la apertura de ánimo, de la cordialidad ante todo.

»Es un hombre del tiempo de Felipe II, criado y formado en la España de Felipe II, que participa de lo que es España entonces, de las glorias de España, de los riesgos, de los problemas, que está pidiendo que se movilice el poderío de España para superar Argel, para eliminar ese foco de piratería que él ha padecido en su carne durante cinco años.

»Hay unos cuantos rasgos de la vida española que aparecen en la obra de Cervantes con un subrayado enérgico. Es un hombre que admira la libertad, la libertad es lo más precioso que puede tener el hombre, cualquier sacrificio es pequeño para la libertad.

»Conoce su valor: la vida es inaceptable sin ella y la ejerce, la ejerce absolutamente. Por otra parte destaca en su personalidad el valor. Cervantes ha experimentado el valor, ha mostrado el valor. Recordó Marías el capítulo del Quijote correspondiente al “discurso sobre las armas y las letras”, que se considera una especie de explicación retórica un poco convencional.

»En opinión de Marías es todo lo contrario, está lleno de conocimiento directo, de las dos vidas, de las armas y las letras. Habla del valor de las armas como instrumento de la paz. Ahora, dijo Marías, se habla de los ejércitos como hacedores de paz. Es lo que está de moda y lo que se habla todo el tiempo. Es la tesis tratada con profundidad extraordinaria por Cervantes, la función de la guerra es garantizar la paz, es dar la libertad, la seguridad de las personas y de los países, es evitar las invasiones, el bandidaje, el pillaje, es la paz precisamente el fruto de la guerra.

»Describe con toda precisión lo que es la vida del soldado, los padecimientos, la pobreza, el hambre, el frío, el calor, el riesgo permanente, las heridas y la muerte probable. Y por otra parte las letras, principalmente las jurídicas, pueden tener valor si están sostenidas por las armas: ve claramente ese concepto de “vigencia” que puso en circulación Ortega. Por otra parte habla de otras letras que son las suyas, las de la imaginación, las letras de la invención, de la novela o la poesía, que son precisamente las que hacen que se pueda cantar y contar lo que han hecho las armas, el valor que tienen las armas, y por tanto a última hora reciben una consagración y una última unción, de las letras imaginativas, literarias y poéticas.

»Es ese maravilloso discurso un alarde de comprensión de la realidad, de fidelidad a lo real en todos los sentidos, de altura de miras, y lo pone en boca de D. Quijote. No lo dice Cervantes, lo dice Quijote, con una extremada cordura.

»El valor tiene para Cervantes una extraordinaria significación. D. Julián Marías ha dicho muchas veces que es justo que en español el sentido fuerte de la palabra valor no sea “lo valioso” sino lo valiente, la valentía, porque sin un poco de valor se hunden todos los valores. Hace falta un cierto valor para sostener los valores y es lo que expresa maravillosamente en el discurso de las armas y las letras.

»Cervantes siente fascinación por la belleza: toda la obra está respirando entusiasmo por la belleza; la belleza de las ciudades, de los paisajes, de la mujer por supuesto, y la belleza del amor, que tiene un puesto en la obra de Cervantes extraordinario.

»Sabemos muy poco de la vida amorosa de Cervantes. Sabemos que tuvo una hija con Ana Franca. Sabemos que se casó en Esquivias. De su matrimonio no sabemos demasiado, pero su obra respira entusiasmo por el amor, el amor explica todo: un amor que no se puede forzar ni se puede cohibir.»





diciembre 15, 2016

«La rhesis de Fedra (373-430): retórica y caracterización»



Francisca Gómez Seijo
«La rhesis de Fedra (373-430): retórica y caracterización»

Tycho. Revista de iniciación en la investigación del teatro clásico y grecolatino y su tradición, n.º 4, 2016

Tycho. Revista de iniciación en la investigación del teatro clásico y grecolatino y su tradición | Universitat de València | Departament de Filologia Clàssica | Valencia | ESPAÑA


Extracto de los apartados de resumen y conclusiones de la publicación en PDF




«RESUMEN

»En este artículo la autora trata de señalar la conveniencia de contemplar los discursos de los personajes trágicos como composiciones que contribuyen a articular el diseño global de las piezas dramáticas a las que pertenecen antes que como expresión del ἦθος [eros] individual e idiosincrático de los personajes que los pronuncian.

»Estos personajes también están subordinados a la articulación de dicho diseño y su caracterización no depende de nuestros criterios modernos de coherencia, sino de su ensamblaje en el proyecto compositivo constituido por la totalidad de la obra. Mientras que la mayor o menor discordancia observable entre el ἦθος [eros] retórico y el ἦθος [eros] dramático en los agones euripideos ha dividido a la crítica entre dos enfoques opuestos (realismo psicológico y atomismo), el estudio particular de la rhesis de Fedra, al carecer de ese componente agonal, permite encontrar un punto de equilibrio entre ambos enfoques.

»La autora analiza el grado de conexión entre los rasgos de caracterización presentes en esta rhesis y las palabras y los actos del personaje antes y después de pronunciarla. Cuanto mayor sea esta conexión, mayor será también el potencial de caracterización de la rhesis; en caso contrario, será preciso determinar en qué medida contribuye al diseño global de la obra y también a la caracterización la discordancia entre el ἦθος [eros] retórico y el ἦθος [eros] dramático de Fedra.



»CONCLUSIONES

»A lo largo de estas páginas he querido ofrecer una interpretación de la rhesis de Fedra que refleje su cualidad caracterizadora y, a la vez, teatral o espectacular. La primera cualidad se nos hace evidente cuando atendemos al contexto en que son dichas las palabras del personaje, cuando conectamos dicho contexto con la/s escena/s inmediatamente anteriores y, por último, cuando constatamos cómo afecta la rhesis al modo en que vamos a contemplar las palabras y los actos del personaje después de pronunciar su discurso. La cualidad caracterizadora de la rhesis es inseparable, por tanto, de su ensamblaje en el diseño global de la pieza dramática.

»Si aislamos el discurso de Fedra de ese todo del que forma parte, incurriremos en los excesos interpretativos propios de quienes se acercan a los textos clásicos con las expectativas del realismo psicológico, aplicable al estudio de los personajes de la dramaturgia moderna, pero no al de las estilizadas figuras de la tragedia ática.

»La cualidad teatral o espectacular de la rhesis, es decir, su capacidad para suscitar el πάθος [páthos] trágico en el auditorio también es inseparable del diseño global de la obra. Cuando desvinculamos de ese diseño el efecto patético de una escena, incurrimos entonces en los excesos del enfoque atomista, que reduce tal escena a la única función de suscitar en el auditorio la emoción adecuada.

»Como el realismo psicológico, el atomismo intenta así encontrar una solución al supuesto problema de la incoherencia de los personajes trágicos, pero su enfoque les niega de manera radical a los antiguos dramaturgos el interés por caracterizar coherentemente a sus personajes, así como el interés hacia la caracterización por la caracterización misma.

»En consonancia con mi propósito de conciliar ambos enfoques, en este estudio he llegado a las siguientes conclusiones:


»1) los versos líricos que revelan la ‘enfermedad’ de Fedra le confieren una gran autenticidad e intensidad patética al testimonio posterior de la rhesis, donde ella explica cómo ha intentado luchar sin éxito contra su pasión por Hipólito. La prueba de ese fracaso la constituyen, precisamente, los versos líricos: Fedra no es capaz ni de ocultar ni de soportar con dignidad el mal que se apodera de ella contra su voluntad y que le hace perder temporalmente la cordura;


»2) en la rhesis se mezclan las generalizaciones filosóficas con su aplicación particular a los temores y las resoluciones de Fedra. Este discurso, además, condiciona nuestra percepción de las escenas posteriores y nuestra reacción emocional ante ellas (por ejemplo, el desagrado con el que vamos a oír la feroz invectiva de Hipólito contra todo el sexo femenino);


»3) en la parte final de la rhesis Fedra expresa claramente la importancia capital que la εὔκλεια [eukleia] tiene para ella. Las decisiones que adopta en las escenas posteriores (calumniar a Hipólito y suicidarse) corroboran el carácter prioritario de este concepto en el pensamiento del personaje. Su resistencia heroica ante una pasión inspirada por la irresistible Afrodita se verá recompensada por Ártemis, la diosa virgen que cierra la obra con la promesa de que el ἔρως [eros] de Fedra por Hipólito no caerá en el olvido.»






diciembre 08, 2016

«Reflexiones en torno al actor griego trágico como sistema significante»



Carolina Reznik
«Reflexiones en torno al actor griego trágico como sistema significante»

Arte y sociedad. Revista de investigación (ASRI), n.º 10, abril de 2016

Arte y sociedad. Revista de investigación (ASRI) | Universidad de Málaga | Grupo EUMEDNET | Málaga | ESPAÑA


Extracto de apartados en páginas 2-3 y 9-13 de la publicación en PDF. Véanse las referencias bibliográficas en la publicación original. Las notas figuran al final del presente texto.




«Introducción

»El teatro es, por naturaleza, efímero e irrepetible. La pregunta por excelencia que ha dominado su historia es ¿dónde está el teatro, cuál es su materialidad? Las respuestas han sido muy variadas —el texto dramático, la presencia del espectador, un espacio diferenciado, entre otras— y aún hoy no se ha llegado a un consenso. Pero, de lo que nadie duda es de su carácter convivial. El teatro se da en el encuentro, reunión de dos o más hombres, encuentro de presencias en una encrucijada espacio-temporal (Dubatti, 2007: 43) [NOTA 1]. Es, entonces, debido a sus “estructuras conviviales” que la naturaleza teatral es irrepetible, efímera y nunca idéntica a sí misma (es decir, varía de representación a representación sin importar que se trate del mismo espectáculo).

»Sin embargo, de todos modos, a partir de la noción de hecho teatral y mediante la metodología de reconstrucción de puesta en escena desarrollada dentro de la disciplina de los estudios teatrales es posible estudiar y reconstruir puestas en escena del pasado. En este caso se concibe al teatro como una actividad que excede a la representación y, por eso, toma en cuenta elementos que la rodean, por mencionar algunos: el teatro con sus características arquitectónicas, testimonios de sus participantes, programa de mano, notas de dirección [NOTA 2].

»Me interesa remarcar aquí la ampliación de los documentos mediante los que se puede estudiar el espectáculo teatral. Respecto al teatro griego, tradicionalmente se consideraba pertinente su estudio solo a través de los textos que han llegado hasta hoy, concibiéndolos como literatura, justamente por el carácter efímero de la representación. Principalmente a partir de los estudios de Oliver Taplin (2000) [NOTA 3] se produce un cambio y una apertura del campo de estudio al concebir al teatro, también, en su escenificación.

»En el caso del mundo griego ampliar el horizonte de documentos para su estudio es de suma utilidad debido a la ausencia y fragmentación de ellos, además que muchas consideraciones al respecto se encuentran en fuentes de índole variada. La Poética de Aristóteles es uno de los documentos más antiguos respecto al teatro en general y privilegiado respecto al teatro griego. Asimismo, algunos pasajes de La Retórica ofrecen argumentaciones especialmente relacionadas con el hacer actoral porque los principios de esa disciplina son relevantes en lo que respecta a la actividad del habla dentro del propio drama y, también, en relación con la composición de las acciones ya que permite brindarles a ellas cualidades aptas para el efecto trágico (Sinnott, 2009) [NOTA 4].

»Ahora bien, la línea tradicional en los estudios del mundo clásico niega especificidad a las actividades por no estar desarrollada, aún, la noción de las disciplinas como autónomas. En el caso particular del teatro, si bien el concepto de representación teatral es moderno no se puede negar que de todos modos en Grecia había representaciones teatrales que poseían características peculiares (que, a su vez, debieron haber respondido a distintas concepciones de lo que haya sido el ámbito de la representación). Consciente de la distancia temporal, y sin suponer que la noción moderna de teatro (y, por ende, la de su autonomía) está presente, creo que sí existían espectáculos teatrales con ciertas características que pueden ser estudiadas en su particularidad. Esta es la hipótesis metodológica de mi investigación5.

»En este trabajo propongo estudiar al actor griego trágico principalmente a partir de las argumentaciones de Aristóteles en La Poética, aunque será necesario referirme a La Retórica e integrar algunos análisis de pinturas de vasijas. Me interesa estudiar especialmente cómo era concebida la actuación en la época —principalmente la relación con el personaje representado— y la semántica particular de su hacer dentro del espectáculo teatral.

»Sostengo que debido a la corporalidad que se construye, a partir del vestuario, máscaras y coturnos y potenciada por la pieza trágica que se representa, la relación entre el actor y el personaje que representa podría caracterizarse como un tipo particular de identificación. Asimismo, la semántica del personaje apunta a la construcción de un mundo mítico, ideal, con sus héroes y dioses en nada parecidos, y lejanos, al hombre común en consonancia con la semántica general del espectáculo. Utilizo el término consciente de la relación con la teoría stanivslaskiana, no en el mismo sentido sino, justamente, para diferenciarlo en su variante antigua. Realizo mi investigación desde los “estudios teatrales” (Pavis, 2000; Ubersfeld, 1989), esa es la disciplina en la que me ubico para emprender mi análisis.

»La noción principal que será puesta en juego es la de “sistema significante”, que por supuesto no es exclusiva de los estudios teatrales sino de la semiótica en general. Implica la identificación de los diferentes elementos de la representación (vestuario, escenografía, espacio, cuerpo/actor, texto, entre otros) como conjuntos con su semántica – la cual puede coincidir o no entre ellos. El presente estudio espera poder resaltar la no jerarquía de los diferentes sistemas significantes dentro de la representación. Esto es relevante para nuestro análisis porque implica, en especial, la no preeminencia del texto dramático por sobre el resto de los elementos de la representación.

»Respecto a La Poética y La Retórica considero que, por un lado, poseen comentarios descriptivos y, por otro, normativos correspondientes al pensamiento aristotélico (Halliwell, 1987, 2011). Así, se presentan como fuentes privilegiadas para estudiar tanto el contexto como el pensamiento de su autor. Sigo, en este trabajo, las ediciones de Sinnott (2009) y Halliwell (1987) en el caso de La Poética y la de Racionero (1990) para La Retórica. A ellas corresponden las traducciones de los pasajes citados.


[...]


»Sistematización del análisis y algunas conclusiones

»Extraigamos, a continuación, algunas conclusiones del análisis realizado. A partir del estudio de los pasajes seleccionados de La Poética y de La Retórica señalamos que el actor, para Aristóteles, representa con su cuerpo y con su voz. Además, el filósofo prefiere el realismo en la actuación que, al parecer, en su época era más bien manierista. Para completar el análisis, recurrimos a las vasijas con pinturas teatrales, sus diferentes convenciones de acuerdo al género y explicamos que, a partir de ellas, se observa el vestuario y máscaras tipificadas, poca variedad de expresiones. Lo mismo respecto a las actitudes corporales que son, más bien, codificadas y estándares.

»Ya referí que en los estudios teatrales el gesto, lo corporal, el cuerpo del actor es un sistema significante. Puede ser utilizado de muchas maneras, ocultado, borrado, exacerbado, pero siempre va a generar sentido. En el caso del teatro griego esta cuestión es sumamente interesante porque el cuerpo real del actor está tapado casi por completo (máscara y vestuario) y agrandado (coturnos). Todo esto construye cierta corporalidad que podría ser caracterizada como no realista porque es un cuerpo agrandado, exagerado, rígido en la expresión facial. Es decir, todo el cuerpo del actor estaba completamente tapado, agrandado y, en cierto punto, deformado respecto de un cuerpo real. Por un lado, esto respondía a la necesidad de que la representación, y en este caso particular el actor, sea visto desde lejos. Pero me interesa superar esta afirmación para profundizar en la semántica que construye, más allá que responda a dicha necesidad.

»El actor griego trágico aparece en escena con su cuerpo real borrado y, por lo tanto, él como persona real también. Su gestualidad, manierista, es artificial y exagerada, tampoco parece responder a cómo se actuaría en la vida cotidiana. Me pregunto si esto responde al mundo mítico representado en escena, ajeno a la realidad propia del auditorio. Creo que ésa es la semántica que se construye: un mundo ajeno al auditorio en todos sus aspectos que corresponde al pasado mítico, ideal, con sus héroes y dioses en nada parecidos, y lejanos, al hombre común.

»Considero, además, que dicha construcción, cerrada en sí misma, separada de la realidad del auditorio es totalmente compatible y favorece el efecto que Aristóteles le adjudica a la tragedia, las pasiones que deben generarse no se anulan por ser una realidad ajena al auditorio [NOTA 9]. Al contrario, y más que nada por referir a un pasado mítico común y conocido por todos pero lejano, creo que la construcción extraña e irreal favorece y potencia dichas pasiones. Por supuesto que, como dice el filósofo, la posibilidad de generar dicho efecto debe estar ya contenida en la construcción de la trama y, así, su representación completaría dicha semántica y la potenciaría con sus medios específicos.

»El actor y el personaje se funden en escena, el actor es el personaje en la escena. Nada en él refiere a su persona y hasta su corporalidad es diferente a la de una persona real. Dejando de lado que —como ya expliqué— esta construcción es acorde al mundo mítico representado, ajeno al auditorio, genera el borramiento del actor en tanto actor y persona real, la distancia entre ambos desaparece y el actor es Edipo o Agamenón, por ejemplo.

»Durante el tiempo en el que transcurre la pieza se crea una realidad otra —que por otra parte es propia del teatro— y el auditorio presencia la realidad de lo representado o lo representado como real. Sin duda esto se relaciona con los orígenes rituales del teatro y con la actualidad ritual del contexto en el que se representan las obras. Pero, eso no invalida la relación que propongo entre el personaje y el actor que lo encarna que se genera, como ya desarrollé, por la semántica de la corporalidad que construye [NOTA 10].

»Asimismo, justamente a partir de dicha semántica —en la que el cuerpo del actor se borra y, por lo tanto él como persona también— creo que podemos pensar cómo era concebida su labor en tanto actor y su relación con el personaje. Ya adelanté que la considero como un tipo de identificación, no en el sentido moderno sino en una modalidad diferente. El actor se funde con el personaje y aparece en escena “siendo” ese personaje. Nada en él refiere a su persona o a su cuerpo.

»Ahora bien, ya aclaré que el término identificación en el teatro corresponde, desde la modernidad, al sistema desarrollado por Stanislavski. Si bien no lo utilizo en este trabajo en ese sentido, me interesa conservar el término porque creo que resulta clarificador para la relación entre el actor y el personaje que acabo de desarrollar. Una de las principales diferencias con la técnica del director ruso es, justamente, que ella es producto de una detenida y elaborada conceptualización respecto al teatro y a la actuación que tiene de base el desarrollo de la autonomía del arte y del teatro.

»Para lograr la identificación —del actor y su personaje pero también del público con la representación— los recursos apuntan al mayor realismo posible y a plantear la escena como una continuación de la realidad en la que está inmerso el espectador. En el caso del teatro y del actor griego, como argumenté, sucede lo contrario. En primer lugar, no considero que la concepción sea el resultado de una conceptualización sino que, al contrario, conserva las características de una manera de concebir al teatro totalmente intuitiva y mágica. Luego, lo más interesante es que para generar la identificación y creación del personaje como real se procede a alejarlo lo más posible del mundo del auditorio, deformándolo, agrandándolo y petrificando sus expresiones faciales. Entonces podríamos caracterizar la identificación antigua como un proceso proporcionalmente inverso al moderno, aunque persiguen el mismo objetivo y generan idéntico efecto.

»Ahora bien, me interesa pensar, además, cómo funcionaría en este panorama la preferencia de Aristóteles por un estilo de actuación realista, como se desprendió del análisis del pasaje de la crítica de Minisco. Todos los sistemas significantes de la representación teatral trágica tendrían como denominador común, justamente, su aspecto no realista y construirían, como recién aseguré, un mundo cerrado en sí mismo diferente de la cotidianeidad del auditorio. Ellos mantienen una relación armónica entre sí y de esa manera construyen la semántica del conjunto. Si uno de los sistemas significantes, en este caso la actuación, rompe esa armonía necesariamente la construcción del sentido se modifica, aunque la semántica del espectáculo puede seguir siendo, en su conjunto, la misma pero producto de una interacción diferente entre sus elementos. Además, el sistema significante que entra en tensión es puesto en evidencia y es, justamente, esa tensión la que se manifiesta. Y en el caso que sea el accionar del personaje, cómo él actúa, creo que se genera un efecto particular de extrañamiento o puesta en evidencia.

»Resulta interesante, entonces, que Aristóteles prefiera el realismo en la actuación y, así, subrayar o poner en evidencia por sobre el resto de los elementos cómo actúa el personaje. Justamente porque la tragedia implica el cambio de fortuna del héroe y ello se produce, entre otras cosas, por su accionar (errado, impío, etc.). En este panorama la puesta en evidencia y falta de armonía entre el sistema significante de la actuación y el resto de los elementos de la representación generaría una semántica acorde y, sin duda, potenciaría la reacción emotiva y el efecto aleccionador que, según el filósofo debe generar la tragedia.

»Respecto a este extrañamiento de la actuación, me interesa pensar la relación con otro procedimiento moderno. En este caso me refiero al extrañamiento desarrollado por el dramaturgo y director Bertolt Brecht. El extrañamiento brechtiano busca generar en el espectador la reflexión respecto a lo representado en la escena a través de, justamente, extrañarlo, separarlo, mostrar su naturaleza de representación. Desde el lado de la producción, el procedimiento integra recursos que rompen la ilusión dramática: el actor sale del personaje y le habla al espectador o se mantiene con el cuerpo neutro cuando sale de la escena sentado a la vista del público a la espera de volver a participar, la escenografía no es realista, entre otros.

»Al igual que con la identificación stanislavskiana, en este caso los procedimientos utilizados no son acordes a lo que planteo respecto de la actuación griega que prefiere Aristóteles. Pero, una vez más, me interesa remarcar que el efecto en cierto punto es el mismo o, por lo menos, lo que argumenté que espera el filósofo: poner en evidencia el accionar del personaje en relación al resto de los elementos del espectáculo y, así, generar cierto efecto en el auditorio.

»Por último, me interesa realizar algunas consideraciones acerca del efecto emotivo de la tragedia porque considero que, como acabo de explicar, se relaciona con la representación en sus aspectos formales y no es algo que corresponde únicamente a la elaboración de la trama. Es decir, como dice Aristóteles, el efecto debe estar ya en su composición pero creo que la representación, a partir de sus medios específicos, lo potencia y reelabora. No entraré en la discusión respecto a en qué consiste dicha respuesta emocional porque excede el objetivo de este trabajo (además que en La Poética no se explica ni se desarrolla dicha cuestión).

»Sigo a Halliwel (2011) cuando sostiene que el efecto emocional tiene como objetivo el placer que se desprende de una respuesta emotiva pero que, además, implica un sentido ético y estético. Es decir, el ἒργον de la tragedia no sería algo no artístico ni solamente irracional y forma parte del proceso de construcción de sentido por parte del auditorio [NOTA 11]. El tipo de placer depende, claro está, del género en cuestión, en el caso de la tragedia correspondería al placer de la piedad y el temor que genera la mímesis [NOTA 12].

»Lo que me interesa recalcar, a partir del análisis que acabo de realizar, es que esa respuesta emocional —en parte ética, en parte estética y en parte irracional— que ya debe estar contenida en la composición de la trama, es potenciada y reelaborada a partir de los recursos propios y específicos de la representación. La construcción del mundo ajeno diferente al del espectador, con los héroes agrandados y de expresión facial estática, incrementa —a su manera— esa respuesta emocional que, además, modela el entendimiento de la pieza.

»En definitiva, me interesa hacer notar una vez más, en este caso respecto a las emociones, que cada instancia genera una construcción a partir de recursos propios de su especificidad genérica que no son un mero traspaso.

»A modo de cierre, me interesa volver a remarcar la importancia en el caso del teatro griego, pero seguramente también para otras disciplinas, de la apertura del campo de estudio para integrar en los análisis documentos y aproximaciones diversas. Un estudio que se proponga estudiar representaciones teatrales del pasado debe enfrentarse a la esencia misma del teatro: su carácter efímero e irrepetible. Pero, mediante la metodología de reconstrucción de puesta en escena que he desarrollado aquí dicha tarea se vuelve posible y, sin duda, implica el enriquecimiento del campo de estudio de esta disciplina. La posibilidad de estudiar los espectáculos teatrales griegos brinda, no solo un mejor conocimiento y comprensión de su cultura sino, también, la posibilidad de enriquecer el estudio y entendimiento del teatro posterior.

»Este trabajo es un comienzo en la dirección propuesta y emprendió dicha tarea esperando contribuir a la comprensión del teatro griego clásico pero también estableciendo relaciones con procedimientos modernos. Y, lo más importante, aspirando a la apertura de un espacio de investigación de un objeto que, precisamente por su fugacidad, muchas veces se torna escurridizo.


[...]


»[NOTAS]

»[NOTA 1] Dubatti está retomando las consideraciones de Florence Dupont. (J. Dubatti, Filosofía del Teatro I. Convivio, experiencia, subjetividad. Buenos Aires, 2007, p. 43).

»[NOTA 2] En todos los casos si están disponibles, por supuesto.

»[NOTA 3] La Primer Edición de dicho trabajo es de 1978.

»[NOTA 4] El libro III, principalmente, es rico al respecto. Esto se debe, en parte, a características comunes que comparten el orador y el actor.

»[NOTA 9] En el caso de la comedia, la semántica es diferente y se busca generar pasiones diferentes (S. Halliwell. Ecstacy and Truth. Interpretation of Greek Poetics from Homer to Longinus, New York. 2011).

»[NOTA 10] En el caso del coro trágico, si bien la semántica y construcción de su corporalidad es diferente, al formar parte de la convención establecida no rompen la ilusión. No ahondo en esta cuestión en este trabajo porque excede su objetivo y no se desprende del análisis de las consideraciones de Aristóteles.

»[NOTA 11] Hay una gran tradición erudita que sostiene dicha posición. Por ejemplo: Janko desarrolla en detalle la construcción del sentido a partir de la respuesta emocional que genera el espectáculo en el auditorio. (R. Janko. “From Catharsis to the Aristotelian Mean” en A. Oksenberg Rorty. (ed.), Essays on Aristotle’s Poetics, Princeton, 1992, pp. 341-358.

»[NOTA 12] Entendida en el sentido de ficción y no de imitación.»





noviembre 24, 2016

Peter Brown (Australian National University (ANU) - College of Arts and Social Sciences): «De la rhétorique au “rhetoric”: petite histoire d'une grande ambivalence»



Peter Brown
«De la rhétorique au “rhetoric”: petite histoire d'une grande ambivalence»

Hermès, La Revue, vol. 3, n.º 58, 2010

Hermès, La Revue | Ministère de l'Éducation nationale, de l'Enseignement supérieur et de la Recherche | C.N.R.S. (Centre National de la Recherche Scientifique) | Institut des sciences de la communication | Paris | FRANCE


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«En anglais, le mot rhetoric a tendance à signifier “discours creux, vide” dont le but est d’obscurcir la vérité, d’où l’expression courante “ce n’est que de la rhétorique” qui exprime un écart radical entre discours et vérité, entre rhétorique et savoir. Si cette séparation relève d’une spécificité anglo-saxonne, elle n’en remonte pas moins aux origines de la rhétorique même, chez les Grecs de l’Antiquité. Le rapport entre rhétorique et savoir constitue un très vieux problème où les ambivalences et les antagonismes ressortent sous des formes différentes selon les époques.

»Chez Homère certains héros sont honorés pour leur capacité à encourager leurs compagnons à agir comme il faut. Avec la montée du polis démocratique, savoir bien parler devient de plus en plus important dans la vie civique et politique des villes de la Grèce antique.

»Les sophistes focalisent sur le logos, c’est-à-dire sur le discours, son fonctionnement et son pouvoir. Ils définissent les parties du discours, analysent la poésie, étudient les stratégies d’argumentation et débattent de la nature de la réalité. Ils y voient aussi une dimension éthique et prétendent rendre “meilleurs” leurs étudiants, c’est-à-dire qu’ils enseignent la vertu. L’excellence humaine n’est donc pas à leurs yeux un accident du hasard ou liée à des origines nobles, mais il s’agit d’un art ou d’une technê qu’on peut enseigner et apprendre.

»La rhétorique devient ainsi un art important qui permet aux orateurs d’avoir les formes, les moyens et les stratégies de persuader le public de la justesse de leurs propos. Pour certains philosophes de l’Antiquité, savoir employer habilement les outils de la rhétorique est donc essentiel si l’on veut découvrir la vérité, parce que c’est la rhétorique qui fournit les moyens d’organiser et de clarifier des arguments.

»Mais les sophistes pensent également qu’à tout argument peut s’opposer un contre-argument, et que la “vérité” est fonction de la probabilité qu’un argument semble vrai aux yeux du public. Les sophistes ont aussi la réputation de pouvoir transformer un argument “faible” en un argument “fort” (Romilly, 1988).

»Platon souligne les différences entre la vraie rhétorique et la fausse rhétorique, surtout dans ses dialogues (Gorgias, Phèdre), où le philosophe critique l’idée des sophistes selon laquelle l’art de la persuasion, la “rhétorique”, peut exister indépendamment de l’art de la dialectique. Selon Platon, puisque les sophistes font appel seulement à ce qui semble être vraisemblable ou probable, plutôt qu’à ce qui est essentiellement vrai, ils n’améliorent pas du tout leurs élèves ou leur public. Selon lui, seule la philosophie peut faire cela, par le biais de la dialectique qui permet d’atteindre la vérité au-delà des apparences.

»Aristote, quant à lui, rédige un traité L’Art de la Rhétorique dans lequel il prétend que “la rhétorique est la contrepartie de la dialectique”. Si la méthode dialectique est nécessaire pour découvrir la vérité dans la sphère théorique, la rhétorique, en revanche, est utile voire nécessaire dans la sphère pratique, par exemple devant les tribunaux ou une assemblée politique, domaines où il faut savoir persuader.

»Chez les Romains, notamment Cicéron (Ier siècle av. J.-C.; De oratore) et Quintilien (Ier siècle ap. J.-C.), la rhétorique poursuit la tradition héritée des Grecs. Quintilien déplore la séparation qui existe entre la rhétorique et la vie civique du citoyen (De l’institution oratoire). Il met l’accent sur l’importance de l’art de la rhétorique et la formation de l’orateur parfait, tout en critiquant la montée de la rhétorique comme divertissement qui privilégie l’ornamentation dans l’art de l’argumentation, aux dépens de la substance. Saint Augustin, devenu chrétien, s’intéresse à l’art “païen” de la rhétorique pour répandre la nouvelle religion. Il propose de mettre “le pouvoir de l’éloquence au service de la cause juste” (Green, 1995).

»Mais pour le Moyen Âge, la rhétorique est secondaire par rapport à la dialectique dans le trivium des “arts libéraux”, et l’étude de la rhétorique relève plutôt de la scolastique.

»Au début du XVIe siècle, Érasme renoue avec la rhétorique en s’intéressant aux inventions et aux variations dans les types de discours, présentant par exemple deux cents variations de la phrase “Semper, dum vivam, tui memero” dans le De copia. (Jardine, 1996, p. 82). En Angleterre, la situation va changer radicalement pour annoncer une modernité, celle de la langue et celle du protestantisme voire du puritanisme. Francis Bacon (1561-1626) ressent le besoin de trouver un style appproprié au nouveau discours scientifique. Selon lui il faut faire une exposition claire des faits et des arguments sans style orné. Dans son Advancement of Learning, Bacon critique ceux qui sont préoccupés par des questions de style plutôt que par “the weight of the matter, worth of subject, soundness of argument, life of invention, or depth of judgment” (Jardine, 1975).

»Vers le milieu du XVIe siècle l’Angleterre voit la montée de la rhétorique dans les langues modernes aux dépens des langues classiques. C’est un savant français Pierre de la Ramée (dit Ramus) qui, peu satisfait de ce qu’il considère comme les excès du trivium, propose un nouveau cursus. Converti au calvinisme, Ramus est assassiné au lendemain de la Saint-Barthélemy. Son enseignement, considéré comme l’oeuvre du diable par l’Église catholique, n’a pas de suite en France, mais il est repris dans des pays protestants.

»Au XVIIe siècle plusieurs écrivains poursuivent la réflexion de Ramus, dont le grand poète anglais, John Milton (1608-1674), qui rédige un manuel de logique et de dialectique à partir de ses travaux. Vers le milieu du siècle l’approche de Ramus envers la rhétorique l’emporte chez les protestants et les puritains, qui fondent également vers la même époque l’Université Harvard à Boston (Ong, 2004). Le philosophe Thomas Hobbes (1588-1679) rédige à son tour des textes sur la rhétorique. Tout comme Bacon, Hobbes cherche à promouvoir un style plus simple et plus naturel sans trop de fioritures.

»En 1684, la Royal Society d’Angleterre établit un comité pour améliorer la langue anglaise. L’un des membres de ce comité, l’écrivain John Dryden (1631-1700), considéré comme le fondateur de la prose anglaise moderne, crée un nouveau style. Il préconise l’emploi de mots anglo-saxons plutôt que des emprunts étrangers; de même, il explique que la syntaxe de la phrase doit être celle de la langue vernaculaire plutôt que celle du latin.

»En France, la rhétorique fait partie de l’enseignement, notamment chez les jésuites, jusqu’à la Révolution. Pour ceux-ci, la rhétorique constitue l’un des piliers de la formation des futures élites, qui oeuvreront aussi bien au sein de l’Église que dans les institutions de l’État. De manière plus générale, la rhétorique est l’armature du système scolaire: le Traité des études de Rollin a une influence sur toute l’Europe continentale (Fumaroli, 1980).

»La Révolution renverse cette situation. Les philosophes qui rédigent la Charte pour une éducation du peuple, qui serait placée sous le signe de la raison, rejettent la rhétorique comme instrument d’oppression aux mains des catholiques. Sous l’Empire, qui introduit une très large réforme, la rhétorique a une place réduite. L’École polytechnique, créée pour former la nouvelle élite scientifique, accorde la priorité aux rapports écrits et néglige le discours oral. De même, après la Révolution de 1848, la rhétorique est considérée comme un instrument de conservatisme et de politique réactionnaire (cf. le site ).

»La IIIe République achève la transformation du système scolaire en imposant la philosophie rationaliste en fin d’études à la place de la classe de rhétorique. La rhétorique devient l’étude des tropes littéraires et sera appelée par la suite “stylistique”. En 1890, les anciens exercices de rhétorique sont remplacés par la “dissertation”, qui développe l’argument rationnel en philosophie. Au début du XXe siècle, la rhétorique ne figure même plus dans le cursus scolaire – laïcité oblige – car la rhétorique est censée être le dernier bastion de l’irrationalité promue par l’Église (Chervel, 2004). Mais dans les années 1960, la rhétorique commence à faire un retour, grâce à l’influence de la linguistique dans le domaine des sciences humaines et sociales, notamment pour ce qui est du structuralisme et de la sémiotique. Roland Barthes lui-même, formé en lettres classiques, voit la valeur de la rhétorique pour l’analyse du récit. La génération des penseurs structuralistes et poststructuralistes s’appuie sur la rhétorique, depuis Gérard Genette à Jacques Derrida en passant par Jacques Lacan, tandis qu’un certain Umberto Eco fait sa thèse sur l’esthétique chez saint Thomas d’Aquin. Il est vrai aussi qu’au cours du XXe siècle des chercheurs anglo-saxons s’intéressent de nouveau à la rhétorique, tel Marshall McLuhan, le père de la théorie des mass-media qui fait sa thèse à Cambridge sur l’histoire de la rhétorique. Or, McLuhan a beau dire que le “medium is the message”, il n’empêche que ce sont encore souvent les “intellectuels français” qui sont accusés outre-Manche de ne pas “parler clairement et simplement” et de s’adonner, à la place, à des jeux de “rhétorique”. Une vieille histoire continue...



»Références bibliographiques

»CHERVEL, A., “L’invention de la dissertation dans l’enseignement secondaire français”, Paedagogica Historica: International Journal of the History of Education, vol. 40, n° 3, 2004, p. 261-277.

»FUMAROLI, M., L’Âge de l’éloquence: rhétorique et “res literaria” de la Renaissance au seuil de l’époque classique, Genève, Droz, 1980.

»GREEN, R.P.H. (éd., trad.), Augustine: De Doctrina Christiana, Oxford, Clarendon, 1995.

»JARDINE, L., Francis Bacon: Discovery of the Art of Discourse, Cambridge University Press, 1975.

»JARDINE, L., Reading Shakespeare Historically, Londres, Routledge, 1996.

»ONG, W.J., Ramus, Method and the Decay of Dialogue: From the Art of Discourse to the Art of Reason, University of Chicago Press, 2004.

»ROMILLY, J. de., Les Grands Sophistes de l’Athènes de Péricles, Paris, de Fallois, 1988.»





noviembre 17, 2016

«La disputa por el mar. El soft power boliviano ante organismos multilaterales»



Loreto Correa Vera y Lidia Vera Vega
«La disputa por el mar. El soft power boliviano ante organismos multilaterales»

Revista de Relaciones Internacionales, Estrategia y Seguridad, vol. 11, n.º 1, 2016

Revista de Relaciones Internacionales, Estrategia y Seguridad | Universidad Militar Nueva Granada | Facultad de Relaciones Internacionales, Estrategia y Seguridad | Bogotá | COLOMBIA


Extracto del apartado conclusión de la publicación en PDF. Ver las referencias bibliográficas en la publicación original.




«En los discursos analizados se repiten las palabras integración, vivir bien/ buen vivir, solución pacifica de las controversias (componentes propios del soft power boliviano), y las palabras reintegración marítima y mar/ Océano Pacífico. Como se aprecia, ambas autoridades bolivianas no se refieren al problema marítimo como reivindicación marítima pues estiman que el acceso soberano al mar es un derecho intrínseco al pueblo boliviano y no una mera solicitud de acceso.

»El soft power boliviano ha sido la herramienta determinante en su política exterior. El cuadro 2 introduce al lector en los términos claves sobre los cuales insiste el discurso. En esta línea comunicacional, el pleito instalado ya en La Haya, representa una alternativa más por parte de Bolivia. Ahora, ¿qué tan efectivo para las pretensiones del gobierno de Bolivia puede resultar aplicar en el soft power en el contexto internacional latinoamericano, cuando la tradición internacional de los conflictos insiste en el hard power o el statu quo? Veamos los elementos en juego.

»A nuestro entender presenciamos el peor momento de las relaciones de los dos países en más de un siglo. En efecto, la dinámica de las declaraciones bolivianas advierte una construcción discursiva progresiva. Dicho actuar de la política exterior se efectúa con el propósito de formar un imaginario victimizado sobre la relación con Chile, sentando, explícita o implícitamente, un apego hacia cierta “política de Estado” que tiene pilares concretos. Bolivia ha logrado incorporar en todas las agendas internas —de prensa, pública y política— el tema de la reivindicación marítima en los últimos años. Por ello, en los discursos analizados, se demuestra que la política ha ido de menos a más en el nivel de insistencia respecto de la demanda marítima.

»De los insistentes llamados al diálogo, o a poner el tema en la agenda de los 13 puntos -que marcaron el período de Bachelet/Morales (2008-2010), se pasó a la descalificación durante el gobierno de Piñera en todos los términos y en todos los foros donde pudo plantearse el “problema” boliviano. En efecto, como la demanda no podía solamente articularse desde la vía bilateral, el tema se trasladó a la esfera multilateral. El cuadro 2, evidencia un encadenamiento del discurso, que toma como eje, un aspecto de la política exterior latinoamericana: la integración. Para y por ello se repiten las palabras integración, vivir bien/ buen vivir, solución pacifica de las controversias (componentes propios del soft power boliviano), así como las palabras reintegración marítima y mar/ Océano Pacífico. Sin embargo, claramente ambas controversias no son iguales ni en su origen ni en su evolución.

»El derrotero que marca Bolivia demuestra una estrategia: el soft power a través de la instalación de key words claves en el discurso. La muestra máxima de esta estrategia se dio en la reunión de Cochabamba el año 2012, cuando Bolivia intentó infructuosamente lograr una declaración pro apoyo a su demanda en el marco de la OEA.

»En esta línea comunicacional, el pleito instalado ya en La Haya, representa una alternativa más por parte de Bolivia. Sin embargo, a nuestro entender, “Hayalizar” el problema no soluciona el problema de fondo, esto es el acceso soberano al mar, pero es lo que se ha hecho. La reiterada insistencia boliviana respecto del tema marítimo ha generado una “guerra comunicacional”, que ha contrariado a Chile, no sólo por el fondo, sino particularmente por la forma. Para el Presidente Morales, no hay calificativo, ni epíteto vedado para referirse al mandatario chileno en el 2012-2013.

»Este artículo pretende así llamar la atención sobre el daño permanente que se le infringe a la relación bilateral, daño que contradice la construcción del discurso integracionista. Así la práctica boliviana ha consistido hasta aquí, en multilateralizar la demanda marítima en los foros macro regionales e internacionales, con un efecto colateral adicional en la cautela manifiesta de Chile en su relación con UNASUR, foro de discusión política activo a nivel sudamericano.

»Bolivia opta por una estrategia de aproximación indirecta, evitando enfrentar el tema con Chile y poniendo en el centro del discurso un requisito indispensable: el tema de la soberanía a cambio del restablecimiento de las relaciones. A ello se suman dos temas conexos: no aceptar lo que firmó en 1904, por considerarlo fruto del colonialismo e incorporar la noción de incumplimiento por parte de Chile del Tratado de 1904 en relación al libre tránsito, confundiendo este último con gratuidad. En el medio, nada es útil y beneficioso en la relación binacional. Así la dinámica binacional oscila entre statu quo chileno o la demanda boliviana.

»En consecuencia, el problema constituye una negociación imposible, bilateral o multilateralmente, condición que surge en escenarios de conflictos asimétricos en el que el más débil se obliga a lograr apoyos y aliados y el más fuerte se mantiene rígido en su posición. Con ello, el conflicto no cambia de sino, más bien se agudiza y perpetúa en el tiempo.»








octubre 20, 2016

«Otros modelos de empresa en la economía solidaria: entre la retórica y la práctica»



Juan Carlos Pérez de Mendiguren y Enekoitz Etxezarreta Etxarri
«Otros modelos de empresa en la economía solidaria: entre la retórica y la práctica»

Lan Harremanak. Revista de relaciones laborales, n.º 33, 2016
Número temático: «Propuestas y resistencias al poder de las empresas transnacionales»

Lan Harremanak. Revista de relaciones laborales | Universidad del País Vasco / Euskal Herriko Unibertsitatea | Facultad de Relaciones Laborales y Trabajo Social | Leioa | Bizkaia | ESPAÑA


Extracto de apartados «Introducción» y «Conclusiones» de la publicación en PDF. Véanse las referencias en la publicación original.




«Este artículo propone una reflexión crítica sobre la factibilidad de construir en la teoría y en la práctica otros modelos de empresa en el marco de lo que se ha venido a denominar Economía Solidaria, concepto que se está consolidando como una referencia habitual en los debates sobre la construcción de alternativas económicas al modelo actual, tanto a nivel internacional, como en contextos nacionales, regionales y locales.

»Como hemos argumentado en anteriores trabajos (Pérez de Mendiguren y Etxezarreta, 2015a, 2015b; Pérez de Mendiguren et al., 2009; Pérez de Mendiguren, 2014), con el término Economía Solidaria se hace referencia a un conjunto heterogéneo de enfoques teóricos, realidades socio-económicas y prácticas empresariales que desde el último cuarto del siglo XX vienen desarrollando un creciente sentido de pertenencia a una forma diferente de entender el papel de la economía y los procesos económicos en las sociedades contemporáneas. Frente a la lógica del capital, la mercantilización creciente de las esferas públicas y privadas y la búsqueda de máximo beneficio, la Economía Solidaria persigue construir relaciones de producción, distribución, consumo y financiación basadas en la justicia, la cooperación, la reciprocidad y la ayuda mutua. Frente al capital y su acumulación, la Economía Solidaria aboga por situar a las personas y su trabajo en el centro del sistema económico, otorgando a los mercados un papel instrumental siempre al servicio del bienestar de todas las personas y de la reproducción de la vida en el planeta (Pérez de Mendiguren et al., 2009).

»Además de obvios vínculos históricos y conceptuales con la Economía Social [NOTA 1], la Economía Solidaria reúne en su cuerpo teórico conceptos e ideas con origen en Latinoamérica y Europa (Guerra 2011, 2010; Da Ros, 2007) y se refiere a un conjunto heterogéneo de prácticas que se manifiestan en todas las esferas del proceso económico, (i.e. producción, distribución, financiación y consumo) que buscan garantizar la seguridad de los medios de vida de las personas y democratizar la economía y los procesos económicos (Coraggio 2011; Laville y García, 2009).

»No existe una definición comúnmente aceptada sobre el concepto. Sin embargo, y a pesar de las diferencias, existe en la todavía escasa literatura sobre el tema cierto consenso en relación el carácter multidimensional del concepto (Coraggio, 2012, 2011; Guerra 2013, 2010; Martínez y Álvarez, 2008), que recogería al menos tres dimensiones complementarias.

»Cabe identificar en primer lugar una dimensión teórica interesada en construir un paradigma alternativo sobre la economía, que parte de la crítica al paradigma convencional. Los referentes teóricos sobre los que sustentar esta visión alternativa son de naturaleza diversa e incluyen tanto contribuciones de la antropología y la sociología critica como de las diferentes corrientes de la economía crítica europea y latinoamericana (Laville, 2009, 2004; Martínez y Álvarez, 2008; Hintze 2010, Coraggio, 2009).

»La segunda dimensión se refiere a la idea de Economía Solidaria como una propuesta política de transformación social hacia un modelo socio-económico alternativo al derivado de la lógica capitalista. Los mecanismos de transformación y las dinámicas que adoptan estas propuestas de superación del capitalismo, no se presentan como modelos cerrados, sino como tránsitos hacia horizontes posibles, en los que los procesos económicos estén al servicio de la reproducción de la vida y sometidos a procesos democráticos participativos e inclusivos. En función de los autores, estos procesos en construcción vinculan la Economía Solidaria con la construcción de una “Economía Plural” (Laville, 2010), “Economía del Trabajo” (Coraggio, 007), “Economía Matrística” (Arruda, 2005, 2004) o alguna modificación o derivado de los anteriores (Guerra, 2011).

»La tercera dimensión identifica la Economía Solidaria con un tipo específico de empresa basada en la democracia, la autogestión y el empresariado colectivo (Martínez y Álvarez, 2008), y que busca funcionar con una lógica diferente a las de las organizaciones mercantiles tradicionales. En este sentido, muchas de las organizaciones o empresas de que se identifican como de Economía Solidaria, adoptan discursos y formas institucionales típicas de la Economía Social clásica aunque no exclusivamente [NOTA 2]. Desde el punto de vista geográfico, están localizadas tanto en países y regiones del llamado Norte Global como en países del Sur Global, y su actividad puede estar relacionada con cualquiera de las esferas del proceso económico (Martínez y Álvarez, 2008; Askunze, 2013, 2007).

»Por lo tanto si bien el significante Economía Solidaria alude a significados que trascienden el ámbito puramente organizativo-empresarial, es indudable que mucho del interés que el término suscita se debe a su relación directa con procesos y organizaciones que tratan de construir otra economía partiendo de otra forma de ser y hacer empresa. Como hemos argumentado en anteriores trabajos (Pérez de Mendiguren, 2014, 2013) esta relación explícita entre el proyecto político post-capitalista y las dinámicas organizativas de corte empresarial permite distinguir entre este concepto y otros relacionados como los de Empresa Social (o Emprendimiento Social) que, si bien comparten la preocupación por la generación de modelos alternativos de empresa, no se vinculan tan claramente a la necesidad de trascender el modelo económico capitalista [NOTA 3].

»Esta cuestión es relevante para entender por qué este artículo (en el contexto de este número especial) se interesa particularmente en los procesos y modelos de empresa identificados con la Economía Solidaria, aunque en algunos casos haga referencia a los aprendizajes derivados de los otros modelos de empresa vinculados a los conceptos de Empresa Social, Emprendimiento Social y/o Economía Social.

»En cuanto a las lógicas discursiva y metodológica que guían este trabajo, ambas ofrecen una doble vertiente. Con respecto a los elementos discursivos, el artículo comienza con un breve repaso a la realidad, y al potencial de la Economía Solidaria en la generación de nuevos modelos de organización/empresa con vocación de contribuir a la construcción de dinámicas transformadoras del sistema. Sin embargo, tratamos a su vez de recoger la preocupación de Utting (2015) que alerta sobre la tendencia de la literatura sobre el tema a generar visiones excesivamente románticas sobre las experiencias de Economía Solidaría, que ocultan la contradicciones y tensiones que se experimentan, en particular cuando se trata de aumentar la escala de operación y capacidad de incidencia en la sociedad de estos emprendimientos. En el ámbito de la Economía Social, esta preocupación ha sido también señalada por Heras (2014) en un reciente artículo sobre la experiencia cooperativa de Mondragon, en el que apunta a la existencia de una tradición académica clásica4 que no toma en consideración las paradojas y tensiones generadas por la experiencia, y que tiende a presentarla como un caso de éxito gerencial, elevado a la categoría de mito monolítico, ejemplo de aplicación de métodos democráticos y participativos a la gestión de organizaciones empresariales (Heras, 2014: 647).

»En este sentido, nuestro trabajo quiere huir de esta tendencia a los relatos míticos, introduciendo en la discusión aquellas tensiones, contradicciones y disyuntivas que se generan en el marco de organizaciones que quieren generar alternativas al sistema operando desde el interior del mismo, y con las herramientas de gerencia y administración que han sido generadas para atender a su propia lógica de reproducción.

»Por último, y refiriéndonos ya a la lógica metodológica utilizada en el artículo, si bien estamos ante una reflexión fundamentalmente teórica, hemos tratado de enriquecer la argumentación proponiendo un viaje de ida y vuelta entre la teoría y realidad empírica. Así, tanto el epígrafe sobre las potencialidades y oportunidades como el que versa sobre el análisis de los retos y contradicciones, introducen discusiones vinculadas a los diferentes intentos de teorizar la Economía Solidaria en sus múltiples vertientes, y también referencias a la todavía relativamente escasa evidencia empírica sobre las organizaciones y procesos de Economía Solidaria.


»[...]


»La constatación empírica de otros modelos organizativos vinculados a la Economía Solidaria necesita de un ejercicio de teorización que huyendo de visiones excesivamente románticas o mitificadoras, sistematice de alguna forma la diversidad de prácticas organizativas entorno a una serie de ideas fuerza. La consolidación de estas ideas-fuerza, que constituyen finalmente el “ADN” de las entidades de Economía Solidaria, sirve no sólo a un nivel retórico o moralizador, sino que es un elemento fundamental para afrontar, permítasenos la expresión, la batalla de la legitimidad, tanto teórica como organizacional. Esta batalla de la legitimidad con respecto a otras formas organizacionales más capitalistas, es fundamental si estas prácticas aspiran a ser hegemónicas en ese tránsito hacia esa otra economía.

»Sin embargo, esta batalla tiene lugar con unas reglas de juego tremendamente complejas para las entidades de la Economía Solidaria, complejidad que se deriva de su carácter de “organizaciones frontera”. Esta ubicación fronteriza les presiona doblemente en la medida en que han de mostrar una consistencia en términos de sostenibilidad económica pero también en términos de coherencia discursiva y organizacional. Es decir, su legitimidad se ve cuestionada en dos direcciones opuestas: deben ser proyectos alternativos que sean económicamente viables y sostenibles, pero este hecho de poco serviría si fuera resultado de procesos progresivos de desacople entre retórica y práctica organizacional.

»Este artículo ha tratado de sintetizar los puntos distintivos y los principales retos que distintos autores atribuyen a las experiencias de la Economía Solidaria desde la propia evidencia empírica. Así, para los autores mencionados en este artículo las prácticas organizacionales de la Economía Solidaria se distinguen por distintos motivos: por su capacidad transformadora, por el hecho de hibridar recursos y aunar demanda y oferta en la misma estructura, por aunar asimismo una lógica emprendedora y una lógica solidaria, por ser experiencias intensivas en Factor C, o por su capacidad de intercooperar a través de redes de colaboración solidaria, por mencionar algunos.

»Sin embargo, estos elementos distintivos que son al mismo tiempo sus prin-cipales fuentes de legitimación organizacional, se desarrollan en un contexto que es extraño y muchas veces antagónico a sus propias lógicas de actuación. El hecho de actuar en mercados capitalistas y el tener que adaptarse a este entorno para ser proyectos sostenibles, puede generar una serie de presiones internas muy fuertes en estas entidades. Presiones que tienen que ver con procesos de degeneración de las prácticas autogestionarias y de las dinámicas participativas, procesos que generan un “enfriamiento democrático”, o que generan liderazgos que agravan estos procesos degenerativos. La dependencia financiera que condiciona la actividad de estas organizaciones genera procesos de isomorfismo de mercado y de estado, en la medida en que éstas pueden empezar a replicar o a someterse en exceso a lógicas de eficiencia económica capitalista o lógicas de burocratización.

»Estos procesos de desacople entre retórica y práctica ya han sido ampliamente documentadas para otro tipo de experiencias más vinculadas a la Economía Social y de ellas podríamos extraer algunos aprendizajes interesantes para las entidades de la Economía Solidaria.

»La teoría institucionalista (Meyer y Rowan, 1977) concluye que estos procesos de desacople no siempre ocurren por un distanciamiento de la estructura gerencial o por una apatía de las base social con respecto a las ideas fundacionales, sino que muchas veces ocurren por ser funcionales para el conjunto de la organización. Así, la retórica alternativa serviría para ganar legitimidad externa, mientras que el desacople dotaría a las organizaciones de cierta flexibilidad interna para acometer problemas de carácter más práctico. Estos procesos de desacople también deben ser entendidos en un contexto social muy determinado, contexto marcado por tendencias individualizadoras y destructoras de lazos sociales que hacen que las prácticas solidarias de carácter autogestionario se desarrollen en condiciones adversas.

»Por lo tanto, la capacidad para gestionar las contradicciones que se generan por la necesidad de aunar objetivos de corte social con objetivos financieros y dinámicas de corte mercantil es clave en las organizaciones de Economía Solidaria. Conseguir mantener la coherencia interna, la participación y la legitimidad en un contexto de competencia en el mercado y de dificultad de acceso a fondos públicos es un reto complejo. Las experiencias investigadas apuntan a que una cultura de la experimentación, sensata pero sin complejos por el miedo a cometer errores, la capacidad de reforzar lazos internos a través de los liderazgos grupales, la transparencia en la toma de decisiones y la revisión abierta y continua de las estrategias propuestas a la luz de los principios organizativos suponen el camino más sensato. Además de esto, la generación de una red densa de vínculos y capacidad de trabajo con otras organizaciones, y la vinculación al territorio y al entorno social de la experiencia, son elementos fundamentales para hacer frente a las situaciones de crisis.



[NOTAS]

»[NOTA 1] A diferencia del anterior, el concepto de Economía Social goza de una amplia tradición en la literatura académica (Monzón y Chaves, 2012, 2011; Monzón, 2003; Chaves et. al, 2003; Etxezarreta y Morandeira, 2012). Las organizaciones clásicas de la Economía Social (cooperativas, mutualidades y asociaciones) comparten compromiso fundacional con una serie de valores y principios de actuación que estructuran su lógica organizativa y su actividad empresarial en base a los siguientes elementos: a) una clara preeminencia de las personas sobre el capital (tanto en la toma de decisiones como en el reparto del excedente); b) la apuesta por la autonomía y democracia en la gestión; c) la solidaridad (interna y externa); y d) la prioridad del servicio a sus miembros y a la comunidad por encima de la consecución de beneficios.

»[NOTA 2] La estrecha relación entre los conceptos de Economía Social y Economía Solidaria, así como los debates asociados a la generalización del término Economía Social y Solidaria, ha sido ampliamente abordada por los autores de este artículo en trabajos anteriores. Ver en particular: Pérez de Mendiguren y Etxezarreta, 2015; Pérez de Mendiguren, 2014.

»[NOTA 3] En el caso del concepto de Economía Social, la distinción no está tan clara ya que la posición varía en función de si se mira al proyecto originario de la Economía Social, o al resultado de la progresiva institucionalización que este concepto ha experimentado a lo largo del siglo XX. Para una discusión detallada de este extremo ver también Laville y García (2009); Moulaert y Ailenei (2005); Laville (2004).»





octubre 13, 2016

«Uma viagem longa demais, um retorno devastador»



Simone Schmidt
«Uma viagem longa demais, um retorno devastador»

Abril. Revista de Estudos de Literatura Portuguesa e Africana,
vol. 8, n.º 16, 2016
Número dedicado a: «Viagem, deslocamentos, diferença»

Abril. Revista do Estudos de Literatura Portuguesa e Africana | Universidade Federal Fluminense (UFF) | Instituto de Letras | Núcleo de Estudos de Literatura Portuguesa e Africana (NEPA) | Niterói | Rio de Janeiro | BRASIL


Extracto de páginas 120-122 y 131-132 de la publicación en PDF




«Quando, em 1975, declararam-se oficialmente independentes os países africanos que, após mais de uma década de lutas, enfim se libertavam do poder colonial exercido pelo Estado português, um novo momento se inaugurava para todos. E, como não poderia deixar de ser, se para as nações recém- independentes, como Angola e Moçambique, este novo momento trazia profundas transformações que transbordavam do social e político para todas as esferas da vida, o mesmo veio a acontecer, em grau talvez menos intenso mas igualmente significativo, com a antiga metrópole.

»Com a independência de suas ex-colônias, Portugal encarava o fim do seu imperialismo tardio, mantido pela força ditatorial de Salazar e visivelmente desgastado, tendo em seu último período sobrevivido às custas de um imaginário imperialista que muito custou à população1. A bem da verdade, desde muito antes, o império português era já marcado por este forte componente imaginário. Como Eduardo Lourenço analisou exemplarmente em O labirinto da saudade, “Poucos países fabricaram acerca de si mesmos uma imagem tão idílica como Portugal. O anterior regime atingiu nesse domínio cumes inacessíveis, mas a herança é mais antiga e o seu eco perdura (LOURENÇO, 1982, p. 79 [O labirinto da saudade. Psicanálise mítica do destino português. 2.ed. Lisboa: Dom Quixote,]) [NOTA 2].

»O declínio desse ‘império’ se tornou incontestável principalmente a partir do novo momento histórico que no cenário internacional se inaugurara no pós-guerra, com o fim do colonialismo exercido pelos países europeus na África e na Ásia, e internamente, com o gradativo ocaso do salazarismo, culminando com a decadência física e a morte do ditador, e o fracasso político de seus seguidores.

»Um exemplo emblemático do grande impacto vivido por Portugal nesse período de mudanças encontramos na conhecida figura dos retornados – os portugueses que tiveram de migrar às pressas com o fim das guerras de libertação e a consequente independência das ex-colônias, após décadas de permanência em solo africano, empreendendo assim um ‘retorno’ à pátria que, de fato, não (ou não mais) lhes pertencia. Violentando sua identidade adaptada à vida na África, os retornados empreenderão uma espécie muito particular de viagem: a contragosto, precipitada por forças históricas que não aceitam e não compreendem, e em condições extremamente precárias. Não se sentem acolhidos pelo país ao qual retornam, como também não se sentiam inteiramente pertencentes aos países africanos em que viviam. Não sendo eles nem de um, nem de outro lugar, sua viagem de retorno assinala sua condição in between, tal como, em outro contexto, Homi Bhabha (1998, p. 19-42 [O local da cultura. Belo Horizonte, Editora UFMG]) configurou a identidade diaspórica dos sujeitos pós-coloniais.

»Quarenta anos se passaram desde a independência das ex-colônias de Portugal em território africano. Quarenta anos desde o fim das guerras de libertação, o fim do sonho de um império e o retorno dos portugueses. Muito já se disse sobre o retorno [NOTA 3], mas recentemente presenciamos um forte movimento de revisitação ao tema, seja numa perspectiva ainda marcada por certa nostalgia da ‘África perdida’ como assinala Margarida Calafate Ribeiro (2012, p. 92 [“O fim da história de regressos e o retorno a África: leituras da literatura contemporânea portuguesa”. In: BRUGIONI, Elena et al. (orgs). Itinerâncias. Percursos e representações da pós- -colonialidade. Braga: Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho]) , sobre autores como Ricardo Saavedra (Os dias do fim, 1995; 2008) e Carlos Vale Ferraz (Fala-me de África, 2007) [NOTA 4], seja num tom provocativamente crítico e demolidor acerca do sonho imperial, como vemos na escrita de uma geração de ‘filhos (ou filhas) do retorno’, de que as narrativas de Isabela Figueiredo (Caderno de memórias coloniais, 2009) [NOTA 5] e Dulce Maria Cardoso (O retorno, 2012) são exemplares [NOTA 6]. Coube à geração dos filhos daqueles que recolheram às pressas os seus pertences e cruzaram o mar de volta à metrópole recontar essa história em tom mais pessoal, subjetivo. Revisitar um capítulo tão doloroso da memória familiar foi uma espécie de desafio que os filhos e filhas do retorno assumiram como tarefa sua. Tinham eles pouco mais, pouco menos de dez anos, saíam da infância, e viveram com seus pais e irmãos a profunda transformação de suas vidas, ao mudar de casa, de país e continente, vindos dos países africanos onde haviam passado seus primeiros anos de formação.

»“Tinha 11 anos. Fui a minha primeira personagem. Achei sempre: vou contar isto, vou contar isto” (apud GOMES, 2015 [“Há retornados que acham que sou uma traidora”. Entrevista a Dulce Maria Cardoso. Público, 17 set. 2015. Disponível em: https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/dulce-1708071. Acesso em 6 fev. 2016]). As palavras de Dulce Maria Cardoso traduzem seu trabalho de recriação da memória, através da ficção, para executar aquilo que Isabela Figueiredo considera um “modo de sobrevivência”: “Tudo em mim cumpre a função da sobrevivência. É uma escolha dura, com custos emocionais elevados, contudo nunca me pareceu ser possível viver de outra forma” (FIGUEIREDO, 2011c [“Modo de sobrevivência”. Postagem em 2.out.2011. Disponível em http://novomundoperfeito.blogspot.com.br/search/label/Caderno%20 de%20Mem%C3%B3rias%20Coloniais. Acesso em 14.fev.2016.]).

»Emociono-me especialmente com essa geração de filhos que buscam, pela via da memória, recontar a experiência protagonizada por seus pais, para através desse exercício reencontrá-los, compreendê-los, e talvez perdoá-los. Emociono-me porque pertenço a uma geração que no Brasil dos anos 70 atravessava penosamente o umbral que nos expulsava da infância, e se lá, do outro lado do oceano, eles cumpriam sua passagem na amargura de um exílio forçado, por aqui amargávamos outros traumas, atravessados por sombras e silêncio.

»Este tomar para si a tarefa de juntar os cacos de uma memória familiar que de outro modo se perderia, ainda que pela chave da reinvenção (pois a memória, como lembra Isabela Figueiredo, adapta-se, trabalha-se, reescreve-se) (FIGUEIREDO, 2011b [“Das castas entre os retornados”. Postagem em 9.ago.2011. Disponível em http://novomundoperfeito.blogspot.com.br/2011_08_01_ archive.html. Acesso em 14.fev.2016.]), é trabalho realizado, de forma especialmente aguda, veemente, cortante, pela escrita de duas mulheres dessa geração. Isabela Figueiredo e Dulce Maria Cardoso, em seus romances Caderno de memórias coloniais (2009), e O retorno (2012), nos trazem de volta ao tema do retorno, abordando-o, segundo a crítica, como ‘um soco no estômago’ [NOTA 7], como “uma pedrada no charco [NOTA 8]”.

»É também pela chave da memória familiar que a cineasta Margarida Cardoso, em Natal 71, documentário realizado em 1999, revive os traumas forçadamente silenciados de uma puberdade forjada em meio à guerra colonial. Sobre a marca de um protagonismo autoral feminino incontestável nessa produção recente sobre o tema, é Margarida Cardoso quem nos traz algumas observações interessantes. Segundo a cineasta, o olhar feminino sobre essa experiência histórica acaba por ser um olhar dos “efeitos colaterais” do vivido, uma vez que atravessa a experiência não pelo meio da cena, mas por um olhar descentrado e poderíamos dizer em ricochete, porque visto pelo filtro da percepção de mulheres e crianças, “o lado mais fraco dessa história” [NOTA 9].


»[...]


»Dessas profundas transformações de ordem subjetiva, provocadas pelas experiências vividas em torno da ruína do projeto colonial, nos dá testemunho a geração dos filhos dos retornados. E de forma tão intensa misturam a experiência histórica, a vivência subjetiva e familiar e sua reinvenção ficcional que se tornou comum ouvir desses e dessas autoras a confissão de um certo sentimento de culpa por se sentirem traindo a memória silenciosa de seus pais, tal como se evidencia nos depoimentos de Isabela Figueiredo.

»Contudo, mais forte do que culpas e acertos de contas em família, certamente o que fica para nós, leitores, é podermos perscrutar de forma mais sensível, mais íntima, o que ficou por dizer nos cantos escuros da casa portuguesa, que, forçada e a contragosto, moveu-se. E nossa escuta desse silêncio enfim rompido se deve à voz dos filhos, ou melhor, das filhas dos retornados. É o que podemos compreender ao ouvir as seguintes palavras de Isabela Figueiredo sobre seu romance: “Perdoem esta falta de modéstia congénita, que cai sempre tão mal, mas jurei não dizer o que não penso: ganhei a notoriedade de uma voz. Tornei-me uma voz” (FIGUEIREDO, 2010 [“Parabéns, querido Caderno”. Postagem em 18.nov.2010. Disponível em http://novomundoperfeito.blogspot.com.br/2010/11/parabens- querido-caderno.html. Último acesso em 14.fev.2016]), o que revela, acima de tudo, que o rito de passagem vivido pelos personagens de um e outro romance, pari passu com as dores e transformações da experiência do retorno, acaba por configurar um processo profundamente empoderador, de transformação do silêncio cúmplice em voz que transcende a esfera da vida privada e invade a cena pública, constituindo um relato-testemunho, um discurso de denúncia, e um sujeito que os enuncia.

»Na conclusão deste artigo, é a voz desses narradores que ecoam e dominam. Revendo toda a experiência vivida no hotel do Estoril, no dia em que dali estão partindo, o personagem Rui está sozinho no terraço e olha para o céu (e não mais para o mar). O mar ficou além, no passado, no mesmo lugar onde ficou a infância e a África perdidas (“A que casa regressarás? Quanto tempo permanecerás sobre a cova onde o teu passado apodrece?”, pergunta-se a narradora ao concluir os seus Cadernos) (FIGUEIREDO, 2011, p. 136 [“Das castas entre os retornados”. Postagem em 9.ago.2011. Disponível em http://novomundoperfeito.blogspot.com.br/2011_08_01_ archive.html. Acesso em 14.fev.2016]).

»O mar agora distante, o céu por sobre sua cabeça, Rui parece se despedir do passado, e começa a empreender uma outra viagem: para dentro desta terra, que o acolhe mal e onde será sempre um retornado (“Em Portugal habituei-me cedo a ser alvo de troça ou de ridículo, por ser retornada ou por me vestir de vermelho ou lilás”, diz Isabela nos Cadernos) (FIGUEIREDO, 2011, p. 119 [cit.]), mas que, ainda assim, é a terra possível, o único caminho, a realidade.

»Na cena do terraço, Rui vê cruzar um avião e lhe passa pela mente a ideia de escrever algumas palavras no chão, ali mesmo. Sua decisão é incerta como incertos se tornaram todos os momentos, agora que sua iniciação se cumpriu e o provisório e o precário entraram de vez em sua vida.

»Talvez escreva, talvez não. E se escrever, os que sobrevoarem o hotel verão lá do alto, inscritas no chão, as palavras que resumem sua sofrida, definitiva e transformadora experiência: “Eu estive aqui”. (CARDOSO, 2012, p. 267 [O retorno. Rio de Janeiro: Tinta da China]), como a testemunhar o que viveram todos aqueles, como ele, filhos de retornados, experiência indelevelmente marcada em cada um. “O meu corpo foi uma guerra, era uma guerra, comprou todas as guerras” (FIGUEIREDO, 2011, p.127 [cit.]), Isabela disse. E sabia do que falava.



»NOTAS

»2 Raquel Ribeiro cita, em seu artigo “Os retornados estão a abrir o baú” (2010), outra passagem esclarecedora de Eduardo Lourenço: “Mesmo na hora solar da nossa afirmação histórica, essa grandeza era, concretamente, uma ficção. Nós éramos grandes [...], mas éramos grandes longe, fora de nós, no Oriente de sonho ou num Ocidente impensado ainda.” (LOURENÇO apud RIBEIRO, 2010 [“Os retornados estão a abrir o baú”. Publicado em 19 ago.2010. Disponível em http://www.buala.org/pt/a-ler/os-retornados- -estao-a-abrir-o-bau. Acesso em 14.fev.2016.])

»3 Entre os escritores que abordaram diretamente o tema do retorno, nome incontornável é o de António Lobo Antunes, que principalmente em dois de seus romances, As nause O esplendor de Portugal, tratou de forma contundente as dificuldades vividas pelos retornados em Portugal. Acrescento também os romances Partes de África e Pedro e Paula, ambos de Helder Macedo, e O Tibete de África, de Margarida Paredes, que encenam os dramas dos retornados, ainda que não de forma central em suas narrativas.

»4 Segundo Ribeiro, esses livros, juntamente com outros que os precederam, “representam a significativa parte da comunidade portuguesa que se imagina a partir de um discurso ‘pós-luso-tropical’ e que assim se subtrai a uma reflexão sobre a violência política, social e epistémica que foi o colonialismo”. (RIBEIRO, 2012, p. 92 [cit])

»5 Segundo Sheila Khan, o livro de Isabela Figueiredo foi uma ‘pedrada no charco’. “A maneira como ela entra no texto, ninguém quer ouvir aquilo. Tínhamos uma ideia muito pacífica e paradisíaca do colonialismo português em África”. (KHAN apud RIBEIRO, 2010 [cit]).

»6 No artigo intitulado “Os retornados estão a abrir o baú”, Raquel Ribeiro acrescenta ainda outros nomes à lista de autores que, numa perspectiva crítica e pós-colonial, abordam o tema do retorno em sua produção recente. António Mateus (Lobito, 2009; Lubango, Paris, Mavinga, 2010) e Manuel Acácio (A balada do Ultramar, 2009) são exemplos dessa abordagem.

»7 Cf. VIEGAS,2010: “Isabela Figueiredo providencia socos no estômago, às vezes desnecessários, mas pressente-se a sua urgência, aquela espécie de queda para o abismo que leva a mexer em todas as feridas, as pessoais e as da rua, as da multidão de retornados que chegaram à Metrópole e começaram a viver perto da linha que delimita o nada e o tudo”.

»8 Cf. KHAN, Sheila apud RIBEIRO, 2010 [cit.].

»9 Entrevista a Margarida Cardoso. Disponível em http://www.ulusofona.pt/lessons/margarida- cardoso. Acesso em 14 fev. 2016.»