Ângela Balbina Picada Roveder, Eduardo Dalcin e
Ana Cláudia Pavão Siluk
«Acessibilidade da Plataforma Social Educativa Edmodo na perspectiva do deficiente visual»
Revista Iberoamericana de Educación (RIE), vol. 68, n.º 2 (15/07/15). Número Especial no monográfico.
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Extracto de páginas 108-109 y 118-120 del artículo en PDF
«Observa-se atualmente a preocupação constante de tornarmos o uso de vários dispositivos, sejam eles físicos ou lógicos, acessíveis para um público cada vez maior de pessoas com deficiência, seja ela física, cognitiva ou motora. Nesse sentido, a deficiência visual é bastante prejudicada e afetada, no que diz respeito ao uso de sistemas computacionais, pelo fato de vivermos numa sociedade muitas vezes identificada pela imagem, seja para expressar sentimentos, emoções, ou até mesmo no seu respectivo uso em páginas comerciais, governamentais, de entretenimento e educacionais, vinculadas e utilizadas na internet.
»Vivenciamos diariamente novas tecnologias, animações, recursos em 3D, mundos virtuais, todos com ênfase no espaço virtual, identificado por objetos visuais.No que diz respeito à acessibilidade, pode-se destacar que atualmente esse termo é muito utilizado para indicar a possibilidade de qualquer pessoa usufruir de todos os benefícios da vida em sociedade, entre eles o uso da Internet (Nicholl, 2001). Em outras palavras, acessibilidade, é a possibilidade de qualquer pessoa, independentemente de suas capacidades físico-motoras, perceptivas culturais e sociais, usufruir os benefícios de uma vida em sociedade, ou seja, de participar de todas as atividades, até as que incluem o uso de produtos, serviços e informação, com o mínimo possível de restrições (Naujorks, 2014).
»Em dezembro de 2004, foi assinado no Brasil, o Decreto nº5. 296, regulamentando leis e estabelecendo metas e prazos para a acessibilização de toda página vinculada à web relacionada com o governo, de interesse público ou financiado pela administração pública. Com o objetivo de viabilizar a implantação dessa lei, criou-se um Comitê da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), incumbido de comparar as normas de acessibilidade de vários países e analisar as diretrizes propostas pela W3C (Word Web Consortium), comitê internacional que regula os assuntos ligados à internet). Como resultado, desenvolveu-se o Modelo de Acessibilidade Brasileiro (e-MAG), elaborado pelo Departamento de Governo Eletrônico com o propósito de facilitar e padronizar o processo de acessibilização dos sites (Sales e Cybis, 2003; Acessibilidade Brasil, 2015).
»Partindo-se do pressuposto que o ensino a distância, é essencialmente uma ação inclusiva, a partir do uso de ambientes que proporcionam a inclusão de diversas pessoas, pois torna, por exemplo, o seu conteúdo acessível àqueles limitados pelas barreiras impostas pelo tempo e pelo espaço (Naujorks, 2014) e observando o uso do Ambiente Social Educativo Edmodo, que é uma plataforma educativa social de ensino à distância destinada a professores, alunos e comunidade escolar, como ferramenta de apoio às aulas do Curso de Licenciatura em Computação do Instituto Federal Farroupilha, Campus Santo Augusto-RS, Brasil, surge a necessidade de investigar alguns elementos da interface gráfica do referido aplicativo, destacando possíveis adaptações para que se torne acessível aos alunos deficientes visuais.
»O problema em questão surge a partir das observações realizadas pelos alunos deficientes visuais e relatadas aos professores, durante as aulas em que se utilizou esse aplicativo como ferramenta de apoio.
»[...]
»Remodelar e adaptar componentes existentes em aplicativos computacionais para o acesso a deficientes visuais é uma atitude de cidadania e de inclusão social e educacional. Muitas vezes, são recursos gráficos de fácil implementação, que valorizam a individualidade do usuário e apresentam resultados eficazes quanto à usabilidade do ambiente.
»De acordo com Braga (2004) para que ocorra o correto manuseio da máquina, deve haver uma adaptação que acontece através do ponto de interconexão entre usuário e máquina, ou seja, a interface, o que caracteriza como um meio e não um objeto.
»Por meio desse estudo, podem-se apontar alguns elementos que favorecem a inclusão de alunos deficientes visuais em aplicativos de ensino à distância. Ao que tudo indica a tecnologia está disponível para tornar isso possível, e que a mesma seja utilizada a favor da inclusão social de pessoas portadoras de deficiência visual.
»De acordo com Nielsen (1993) apud Leite (2007), as avaliações de interface têm se mostrado eficazes no provimento de elementos sobre as dificuldades encontradas pelos usuários ao utilizarem os sistemas através de suas interfaces, pois permitem avaliar os fatores que caracterizam a usabilidade de um software através dos diferentes estados do sistema e sua capacidade interativa como modelo mental dos usuários deste software.
»É possível concluir, com base nesta pesquisa,a inexistência de recursos de acessibilidade na plataforma educacional Edmodo. Entretanto, a plataforma permite alterações, através do uso de linguagens de programação, para futuras adaptações que se adaptem aos conceitos de acessibilidade. Outrossim, a não disponibilização de equivalentes textuais em imagens e figuras, desponta como ação essencial e que precisa sofrer adaptações para a criação de plataformas adequadas às pessoas com deficiência visual.
»Pode-se constatar também, pelo fato da plataforma possuir um número grande de recursos gráficos e imagens, a importância de que todos esses recursos, principalmente os que sejam clicáveis (Links), possam ser acessados através do teclado.
»Outro ponto importante é deixar as páginas mais objetivas e simples, ou melhor, torná-la o mais textual possível, isso além de tornar a navegação mais simples e objetiva para o DV, facilita também o uso do leitor de tela, que traduz o conteúdo no formato texto em áudio para o operador. Faz-se necessário considerar também, e levar em conta o fato de que o usuário deficiente visual navega pela página geralmente com a tecla Tab, e com as setas direcionais (baixo, cima, direita, esquerda) para ler todo o texto da página incluindo os links.
»Portanto, o ambiente que serviu como objeto de estudo mostrou-se pouco acessível ao aluno deficiente visual, oferecendo poucos recursos de acessibilidade, e não respeitando em alguns pontos os critérios estabelecidos pelo padrão de acessibilidade WCGA 2.0, utilizado como referência nessa pesquisa.»
Referências
«ACESSIBILIDADE BRASIL (2015). O que é acessibilidade. Disponível em: . Acesso em: maio. 2015.
»BRAGA, A. S. (2004). Design de Interface: As origens do design e sua influência na produção hipermídia. Dissertação em Mestrado em Comunicação e Semiótica, PUC-SP.
»LEITE, K.A.A. (2007) Avaliação de usabilidade nos sistemas computacionais dos serviços de telemedicina do BH Telesaúde. Dissertação (Mestrado em Informática). Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Belo Horizonte.
»NAUJORKS, Maria Ines. (2014) Educação, inclusão e acessibilidade. Editora ARGOS. 1º Edição.
»NICHOLL, A. R.J. (2001) “O Ambiente que promove a inclusão: conceitos de acessibilidade e usabilidade”. Revista Assentamentos Humanos, Marília, v3, n.2.
»NIELSEN, J. (1993) Usability engineering. Academic Press. An Imprint of Elsevier, San Diego. CA.
»SALES, M. B.; CYBIS, W. A. (2003) “Development of a checklist for the evaluation of the web accessibility for the aged users”. In: Latin American Conference on Human Computer Interaction. Anais ACM, v. 46. p. 125-33.»